Muitas têm sido as críticas aos trabalhos de Romero Britto, que, à primeira vista, parece ter-se habituado a elas. O sucesso de vendas o coloca em um patamar diferenciado, a ponto de fazer o que quiser e marcar um território que é só dele. Justamente esse sucesso o torna rejeitado. Apesar disso, ele possui a sua própria galeria. O objetivo deste texto é transpor aquilo que já é comum a tudo que se diz a respeito de Romero Britto e buscar entender o instrumental que o artista explorou para tais feitos, tanto nas decisões compositivas quanto no manuseio gráfico, pois não se trata apenas de cores, como muitos apontam.
Nesse contexto, é do Romantismo que lançamos luz sobre o exercício da expressão criadora e da linguagem visual presentes nas obras do artista, mesmo que haja muita resistência em se falar sobre elas. É inegável que toda essa explosão de traços e cores, e a exploração comercial, se co-contaminam.
Na construção de imagens visuais, o artista usa traços fortes em preto, até então pouco explorados nas telas, mas muito presentes na arte urbana. Essa apropriação o torna um artista arrojado. No entanto, o elemento essencial que foi capaz de formar um público que se identificasse com a sua obra foi o fato de usar em suas composições imagens simples, muito presentes na infância de qualquer um, elementos esses presentes no Romantismo. O escapismo, que se manifesta, entre outras características, na busca por um passado próximo (a infância). É na lembrança da infância que reside o sucesso comercial de sua obra. A verdadeira felicidade reside na infância. Quem não é capaz de se lembrar da professora do primário ensinando a desenhar um peixe, um gato, um coração, uma borboleta ou uma flor? Para reforçar tudo isso, esses elementos estão presentes nas apostilas escolares. Ao apropriar-se desses elementos da infância e preenchê-los com cores vivas, Romero Britto constrói verdadeiras guardiãs da ingenuidade e pureza que tanto almejamos reviver em tempos tão complexos.
A obra de Romero Britto, sem dúvida, é marcada por traços audaciosos e cores vibrantes que capturam a atenção do observador à primeira vista. Contudo, por trás da aparente simplicidade e explosão visual, existe uma profundidade artística que encontra suas raízes no movimento Romantista. Embora seja alvo de críticas, Britto conquistou o sucesso comercial e se tornou um artista que caminha em seu próprio território. Porém, o aspecto mais notável é a maneira como Britto utiliza imagens simples, como as encontradas na infância de qualquer pessoa, para conectar-se com seu público. Neste ponto, a essência do escapismo Romancista se manifesta claramente. A busca por um passado próximo, especialmente as lembranças da infância, é o segredo do sucesso comercial de suas telas. É nesse sentimento de nostalgia que suas obras se enraízam e se conectam diretamente com o seu público.